domingo, 27 de setembro de 2015

Abri a porta do escuro fresco e senti
A energia era outra
E a garoa trazia
Os primeiros passos dos espíritos antigos
Que desciam deslizando
Muito
Lentamente
Pelas tranças morenas da noite

Com humildade descalcei os pés
Na umidade os repousei e aterrei
Meu corpo se embrenhou na luz suave e densa
De minha velha mestra Jaci
E ventre a frente palavreamos
Pela língua do silêncio, dos grilos e dos sapos

Com a intimidade de uma mãe e amiga
Me sussurrou no fundo dos poros
Que iria trazer um peculiar e poderoso ciclo
(Ai de mim se não honrasse esse presente!)
O peito vibrou forte
Inspirei a dádiva e expirei a gratidão

Seguindo os passos dos ancestrais
Que entoavam melodias de unir corações
Juntei-me aos irmãos e irmãs
E de almas dadas, na entrega
Festejamos o reinado da Primavera
Perfumada de erva-doce e fumaça cheirosa

A cantoria não queria acabar
Até a quietude emanava mantras
Rezávamos juntos ao Grande espírito, de muitos nomes
Expandindo em gratulações
Olhando nos olhos dos sorrisos vivos
Relembrando o sentimento primordial
Afeto molhado
Feito de só experiência

Vem despedida
Mas a vibração continua
A troca permanece
Bordando na própria pele
O ser nova criatura
Repleta de paz
Chovendo por fora e por dentro
Uma tempestade de transformação

Crescimento pleno
Desfolhar para reabrir em flor

Gratidão! 26/09/2015




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