segunda-feira, 24 de agosto de 2015

incerteza

A potência que tem
Um momento de liberdade:
Pousar na linha tênue
Entre o se estilhaçar em mil lascas pontiagudas,
Ou o se transformar em árvore
Repleta de frutas doces







- da forma mais aleatoriamente vacilante

sábado, 22 de agosto de 2015

Dragões alaranjados saltam no alto
Serpentes devoram lilás
Celebração de coloridos
Devoção ao se por da luz vital

Magenta ressona maracatu
Que gente não ouve
Ritual mítico no firmamento

Tudo cessa em essência de flor
Aroma de árvore quente, anciã

Inspiro esse último folego de festa
Se despede, bonito
Adeus, Dia
(E vê se volta mais vezes!)


Menina do cheiro de grama fresca

Olhos, frestas luminosas de céu
Abrindo e fechando suaves
Como nuvens liberando Sol

Cabelos, ipês amarelos
Brotando raízes douradas na mente,
Crescendo em busca da imensidão

Sorriso, espalhado feito horizonte
Solto feito brisa
Sincero como o olhar dos bichos

Seu corpo é luz, menina
É pôr do sol
É tarde morna

Um jardim inteiro de frescor
A cidade é enganosa
Seus prédios de bocarras
Monstruosamente disfarçadas
E gabinetes dissimulados
Abafam a cantiga das ventanias

Poeira cobre os semblantes com máscaras
Carrancas supérfluas
Roupas impõe-se para cobrir
A arte que é
O corpo
Falsificando uma boa moral

Na cidade não se pode
Berrar potências
Reprimidas
Não se pode ser louco
Não se pode ser livre

A cidade é triste, triste
É senzala, falsa festa
Não traga cores vivas
Mas cigarros pútridos, pestilentos
Não suporta transparência

Por isso, ninguém mais
Se conforta na chuva
Chuva é água clara
É choro da Natureza
É a grande mãe derramando sinceridade
Dos olhos

Nos lembrando constantemente
Daquela antiga mentira
Da velha fala pegajosa:
É preciso concreto
Para te proteger
Pra te salvar
Pra te conectar



(Pra te traçar).