sábado, 7 de novembro de 2015

Eu queria mesmo
Era trilhar até o fundo das grutas dos seus olhos e tascar
Um beijo nesse corpo sincero 
Todo feito de luz refletida da água 
E gosto de fim de tarde pós-mar

Dizer as palavras que eu nunca disse
Em forma de cantigas e coisas ocultas
E no segundo seguinte espalhar seu riso largo nas montanhas de cada estrada
Fundir sua pele bonita e quente de caramelo e comê-la 

Degustá-la

Eu queria mesmo degustá-la
Essa moça bordada de segredos e palavras queimadas nas bochechas
E cheiro de chá
Essa moça que me amacia

Moça de seda 
Concede o favor
De passarinhar suas pétalas amarelas e roxas de primavera 
Nos meus ombros que esperam teu acalento
Na rede do meu coração 

Prometo te embalar suave
Há 72 horas
O ar inspira fundo.

É possível tocar seu som no espaço.

Cada som urbano
Abafa-se sob seu sopro anti transpirante
Há dias ouço
A voz.

Explosões de vácuo do universo.

São dias molhados.

Umedecem a areia da ampulheta.

Dias carregados de outono e pólen
Dias fora de época
Fora do barulho
A voz do ar
O mantra morno enchuvecido
O silêncio o caos cósmico.

Energia
Animalesca
Emudecida
Pulsante.

Os animais
Nós
O pólen
O úmido.

O mundo
O vácuo.

A ausência
O silêncio
A voz
Do ar
A explosão.

O caos