Abri a porta do escuro fresco e senti
A energia era outra
E a garoa trazia
Os primeiros passos dos espíritos antigos
Que desciam deslizando
Muito
Lentamente
Pelas tranças morenas da noite
Com humildade descalcei os pés
Na umidade os repousei e aterrei
Meu corpo se embrenhou na luz suave e densa
De minha velha mestra Jaci
E ventre a frente palavreamos
Pela língua do silêncio, dos grilos e dos sapos
Com a intimidade de uma mãe e amiga
Me sussurrou no fundo dos poros
Que iria trazer um peculiar e poderoso ciclo
(Ai de mim se não honrasse esse presente!)
O peito vibrou forte
Inspirei a dádiva e expirei a gratidão
Seguindo os passos dos ancestrais
Que entoavam melodias de unir corações
Juntei-me aos irmãos e irmãs
E de almas dadas, na entrega
Festejamos o reinado da Primavera
Perfumada de erva-doce e fumaça cheirosa
A cantoria não queria acabar
Até a quietude emanava mantras
Rezávamos juntos ao Grande espírito, de muitos nomes
Expandindo em gratulações
Olhando nos olhos dos sorrisos vivos
Relembrando o sentimento primordial
Afeto molhado
Feito de só experiência
Vem despedida
Mas a vibração continua
A troca permanece
Bordando na própria pele
O ser nova criatura
Repleta de paz
Chovendo por fora e por dentro
Uma tempestade de transformação
Crescimento pleno
Desfolhar para reabrir em flor
Gratidão! 26/09/2015
domingo, 27 de setembro de 2015
quinta-feira, 24 de setembro de 2015
Sobre a insegurança infinita que me assola
Sou. E sou quando só,
Apenas
Porque no encontro
Sinto-me sufocada
Com vestes e golas de criminosa
Por abrir demais ou de menos
A boca os sons os
Poros os botões
As folgas
O riso as palavras as
Pernas
Por cometer o crime de manchar,
Com a tinta viva que gero
Por manifestar-me através de
Um corpo que
Flui
Cheiros
Não florais não rosados não depilados não maquiados
Por ser presença única,
Que não as sete bilhões ou mais de outras presenças
Por estar
Por dizer e silenciar
Por me amar
Sou delituosa
Por existir.
Apenas
Porque no encontro
Sinto-me sufocada
Com vestes e golas de criminosa
Por abrir demais ou de menos
A boca os sons os
Poros os botões
As folgas
O riso as palavras as
Pernas
Por cometer o crime de manchar,
Com a tinta viva que gero
Por manifestar-me através de
Um corpo que
Flui
Cheiros
Não florais não rosados não depilados não maquiados
Por ser presença única,
Que não as sete bilhões ou mais de outras presenças
Por estar
Por dizer e silenciar
Por me amar
Sou delituosa
Por existir.
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