A cidade é enganosa
Seus prédios de bocarras
Monstruosamente disfarçadas
E gabinetes dissimulados
Abafam a cantiga das ventanias
Poeira cobre os semblantes com máscaras
Carrancas supérfluas
Roupas impõe-se para cobrir
A arte que é
O corpo
Falsificando uma boa moral
Na cidade não se pode
Berrar potências
Reprimidas
Não se pode ser louco
Não se pode ser livre
A cidade é triste, triste
É senzala, falsa festa
Não traga cores vivas
Mas cigarros pútridos, pestilentos
Não suporta transparência
Por isso, ninguém mais
Se conforta na chuva
Chuva é água clara
É choro da Natureza
É a grande mãe derramando sinceridade
Dos olhos
Nos lembrando constantemente
Daquela antiga mentira
Da velha fala pegajosa:
É preciso concreto
Para te proteger
Pra te salvar
Pra te conectar
(Pra te traçar).
Nenhum comentário:
Postar um comentário