tag:blogger.com,1999:blog-17773673555244693332024-03-08T11:55:56.607-08:00Árvore de MarIaé B.http://www.blogger.com/profile/14365572431065258998noreply@blogger.comBlogger56125tag:blogger.com,1999:blog-1777367355524469333.post-43964931755098757862018-03-02T10:57:00.005-08:002018-03-02T11:00:37.198-08:00(28 de janeiro, dia de Pele, deusa havaiana do fogo)<br /><br /><br />Quando chover,<br />ouça a chuva<br />.<br />(Desde que nasce, o corpo é uma fonte de água. Ninguém mais sabe produzir água além da sabedoria da natureza; então se você produz e deixa cair dos olhos, você é tão cascata quanto as grandes rochas que eternizam os rios em queda. Ser cachoeira é estar em estado de entrega e nunca parar de cantrar o mantra da constância milagrosa de Gaia. Ser cachoeira é saber que enquanto estiver viva, terá a oportunidade bruta de chorar e de rugir, pelas correntezas que passam pelas frestas criadas quando damos passos)<br />.<br />Quem me habitaria (esse corpo que só pertence a lama e dela renasce - matéria prima - a cada fagulha de madeira que produz fogo) se não o acendesse (ele o FOGO), ao pisar mais uma noite, com os pés maduros, no meu ninho de galhos macios?<br />.<br />Quem habitaria esse corpo, se ao sair do concreto (com as duas pernas seguidas do TRONCO inteiro - feito da temperatura do vento) não permitisse a humildade silenciosa e crua da brita de pedras canalizar acupunturas da planta dos meus pés-raízes para a minha inteireza que se move em outra frequência?<br />.<br />Quem habitaria minha pele - ou melhor, minha compostagem de experiência, xorume e caules - se não essa alma antiga, anterior as palavras? Minha compostagem de experiência, xorume e brotos reveste essa alma assim como a terra fecunda sussurra a eterna fertilidade<br />.<br />Essa é a pele agora em flor que transforma o ritmo das células nervosas das minhas mãos (e o faz a partir do ar-fôlego da rotina viva dos meus pulmões). A mão toca os seres e os seres são todos feitos da terra, e tudo que toca afeto e terra oculta os significados, porque: SENSAÇÃO<br />Anterior a mente<br />.<br />Quando esse corpo que é seu possui no seu centro um tambor, esse seu corpo se dilui na frequência-ar das batidas e TODOS OS SERES TERRA SE CONECTAM CONTIGO PORQUE RESPIRAM ESSE MESMO AR QUE CONTÉM ONDAS SONORAS DO SEU CORAÇÃO + SUAS PRÓPRIAS BATIDAS E RESPIRAÇÕES.Todxs tocamos tambores para a vida e a permanência, e se conectar com x outrx é improvisar novos ritmos num som parido do conjunto. A vida torna-se sagrada - alguém ousou o encontro, e assim brincou com a lógica do deus tempo. A conexão real entre os seres desafia a surdez da inércia. E ela, somente, me mantém atada nessa consciência que me presenteia com a turbulência graciosa de estar entre a minha alcateia. <br />.<br />Assim, pulmões-ar fornecem força para coração-tambor-terra que fornecem força para o ar-pulmão criar ondas sonoras que fornecem força para o som que é por fim engolido através da inspiração de casa ser para dentro de seus próprios corpos. Isso quer dizer que pulmões, choro, coração, ar, música, terra, comer elementos ao inspirar, rir e tocar pela fecundidade do calor do corpo pertencem (tudo isso) a um mesmo princípio, que é o que conduz a liberdade fria das águas. <br />.<br />Perder as fronteiras de si não significa nada - apenas acontece<br />toda existência me abraça e me transcende ao caos, ao qual me curvo em gratidão por expandir tantos sentidos singulares. Há um penhasco - voar nele é possível, e ele é tão alto quanto seu medo pode sentir; mas o medo te lembra da raridade da vida, sua efemeridade - e por lembrar da efemeridade, lembra da tua vontade de permanecer fluído na experiência antiga e sublime de estar vivx nessa sua história. Nós movemos as ações e com a fricção das nossas (UNIVERSO) ações a faísca do Grande Mistério renasce<br />.<br />O amor poderia se chamar abertura. Quando você inspira (e é isso que te fornece força para bater o tambor), você está abrindo suas costelas para a vida entrar. Quando você gargalha, você está abrindo as suas musculaturas e permitindo que hormônios de cura cheguem. Quando você abre uma porta que nunca abriu antes, você está abrindo a satistafação do âmago da sua curiosidade. Quando você abre, tudo é novidade, outra coisa, o desconhecido que passa a ser conhecido, o novo que passa a tomar a carne da sua história. Por isso, amor poderia se chamar abertura. Não há motivos para desespero - a realidade respira fundo<br />.<br />Quem habitaria meu corpo se não enxergasse a matéria em moléculas de poema? Eu ainda posso bordar naquilo que presencio na minha rotina, e essa é a razão de gratidão mais profunda. Quando faço esse bordado, finco o cordão colorido da arte no tecido da derme e a dor de criar cores confirma a validade e autenticidade do meu olhar sobre o que vejo no mundo (com todos os meus olhos)<br />.<br />Então, só pode ser eu que me habito, pois desconheço a ausência do fogo, da terra, do ar, da água, da música, da abertura, da lágrima, das cascatas e da magia<br />.<br />Posso me reconectar com a minha totalidade.<br />Quando chover, ouça a chuva.<br /><br />(Todos os animais estão ouvindo a chuva. Se você ouví-la também, estaremos conectados nas batidas desse rito primordial alquímico de receber o molhado para gerar lama, caules, brotos e flor da pele)Iaé B.http://www.blogger.com/profile/14365572431065258998noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1777367355524469333.post-10877233610957678552018-03-02T10:25:00.001-08:002018-03-02T10:35:55.872-08:00<br />
<br />
Eu sinto o olhar do porteiro do meu condomínio a cada "bom dia"<br />
Ele me olha como se eu fosse uma intrusa nessa piscina de plástico e sabão artificial da cristandade em que todos escorregam e se benzem ao cair sobre os outros corpos nus<br />
Ele certamente vê os homens que entram e saem da nossa casa de acordo com o nosso querer<br />
E se benze com seu olhar plástico e intoxicado de sabão artificial<br />
Mal sabe ele mas seu corpo também está nu <br />
Hoje<br />
Eu<br />
Minha, mulher não mais docilizada<br />
Devorei uma pizza inteira porcamente<br />
Cortei os pedaços com a mão e lambi os dedos no final<br />
Enquanto eu comia verdadeiramente a minha pizza<br />
Eu meditava fooooooooooooda-se<br />
E enviava ao porteiro<br />
E benzia a cristandade com esse mantra<br />
E corroí um pouco mais a falsa moral dentro de mim<br />
Meu sagrado feminino também é profanação da feminilidade<br />
Eu sou um bicho<br />
Sei uivar<br />
E sei guincharIaé B.http://www.blogger.com/profile/14365572431065258998noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1777367355524469333.post-43119162298918355922018-03-02T10:22:00.001-08:002018-03-02T10:34:50.772-08:00<br />
<br />
Dez da noite<br />
<br />
Meus dedos manuseiam facas de serra para fatiar o pão (com as mesmas mãos que apontam direções às pessoas digitam teclas numa tela que evoca vozes coçam minhas picadas de selva varrem a poeira do tempo na minha casa fazem sons quando ensaboam o corpo batucam as janelas dos automóveis que me deslocam escrevem cartas de fim tocam as texturas)<br />
<br />
Todas as mãos ao meu redor fazem o mesmo que as minhas<br />
<br />
E me dou conta <br />
Do quão<br />
Corpos-cotidianos<br />
Somos<br />
<br />
Alguém conta uma história mas é sobre a novela<br />
Alguém se eriça mas é porque a louça precisa de novo ser lavada<br />
Alguem me toca e pede a manteiga<br />
(O toque de pedir a manteiga tem calor o suficiente para tamborilar dança e carregar música em si, mas se esqueceu)<br />
<br />
Minhas palmas seguram facas todo fim de tarde<br />
E eu gostaria mesmo de usá-las para criar uma fenda nessa normalidade insuportável<br />
(As palavras são SEMPRE as mesmas<br />
Falar se torna um ato passivo agressivo<br />
Quantas vezes usamos nossa boca para rir de nervoso?)<br />
Há quanto tempo eu não libero a víscera da minha dança?<br />
<br />
A rotina<br />
Precisa estourar<br />
Ir além<br />
E deixar vestígio em brasa na manhã seguinte<br />
Ritos coletivos em oferenda ao movimento absurdo<br />
Um grito solto como bom dia e um olhar de gruta como boa noite<br />
Fazer sexo com as plantas do quintal<br />
Cantar desafinado com a voz que vem da planta dos pés<br />
Quebrar um vidro e deixar o vento entrar<br />
Comer prana com a mão e pintar a pele de azul<br />
Temperar os pés com uma mistura de luz da crescente e gel de babosa<br />
<br />
O caos<br />
<br />
É urgenteIaé B.http://www.blogger.com/profile/14365572431065258998noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1777367355524469333.post-37048806773186453562018-03-02T10:18:00.001-08:002018-03-02T10:35:12.020-08:00<br />
<br />
Fecho a porta do quarto e pego o lápis. Meus dedos que escrevem têm resquícios de pimenta do reino<br />
<br />
Estou com o vapor da panela de molho branco cobrindo meu colo e rosto. Estou com muitas ervas se espalhando pelo meu corpo<br />
(sinto agora a artemísia soprando o curso das novas iniciais do meu sangue que logo devem chegar<br />
a camomila soltar meus braços e fazer magia com as articulações da minha mão direita de costurar poemas<br />
a fumaça pesar o corpo<br />
acordar os sentidos<br />
a língua)<br />
<br />
Hoje a noite eu dancei queimando os nós mentais na alquimia da boca do fogão, e dancei de pitadas generosas<br />
<br />
Deixei você ir embora com o vapor dispersando pela fresta da janela da cozinha<br />
<br />
E comi minha dança com tempero de noz moscadaIaé B.http://www.blogger.com/profile/14365572431065258998noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1777367355524469333.post-17538417338556625042018-03-02T10:16:00.002-08:002018-03-02T10:38:52.714-08:00psilo<br />
<br />
Meu corpo de mamífera<br />
Branco, enorme e redondo<br />
Não se entende mais só<br />
Há também as liquefeitas e encaracoladas entradas na matéria do ar<br />
<br />
Não lembro quando mas meu corpo não só mamífero entra<br />
Ou se torna<br />
Esse portal de espirais neon e córregos<br />
<br />
Sou a noite<br />
Inseta<br />
Minhas asas são imensas e têm forma de canoa<br />
Elas me carregam tranquilamente<br />
Eu, sibilante, só sei ser borboleta<br />
Uma mariposa gigante nas águas cristal banhadas pela Lua<br />
Suas asas barco e seus deleites soprosos de frutas<br />
<br />
Minhas patas delgadas e pegajosas devoram os néctares, as folhas e as castanhas<br />
Sinto a crueza e a maciez doce da pele das frutas e seus sumos como a crueza das vaginas úmidas<br />
E assim<br />
Vôo<br />
<br />
Me observo: sou azul, pintada, cheia de detalhes<br />
Meus cabelos já não me pertencem<br />
Esfarelo minha pele e também tudo o que toco com as patas<br />
Sou a sutileza da borboleta que pousa, depois se lança, e se descobre<br />
Divina<br />
Meu equilíbrio se dá pela respiração profundíssima das minhas asas<br />
<br />
Meus barulhos rápidos e líquidos se comunicam diretamente com a Floresta em uma língua feminina soprosa redonda poética anoitecida levíssima cambaleante e completamente<br />
Natureza<br />
<br />
Sinto a Lua e eu-inseta-deusa-devoradora a convido<br />
Num convite que se faz às amizades mais íntimas e antigas<br />
Para realizar sua magia nos órgãos dos seres todos<br />
Danço com ela nas cores lentas e vivas da Floresta, guiada pela correnteza suave do rio<br />
<br />
Me banho porque ainda ouço a água<br />
Na janela do meu quarto Ela irradia seu poder como mandala<br />
Ouço meus irmãos grilos e o frio do vento<br />
Minha carcaça se rompe<br />
Exoesqueleto<br />
Retorno ao meu corpo de mamífera<br />
Mas sou outraIaé B.http://www.blogger.com/profile/14365572431065258998noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1777367355524469333.post-60161141547464898412018-03-02T10:13:00.001-08:002018-03-02T10:32:25.474-08:00<br /><br />só palavras de magia<div>
<br />anunciadas pelo silêncio e pela voz dos trovões que precedem as chuvas do verão<br />aquecidas no magma que ferve no estômago dos vulcões<br />enraizadas no solo fecundo da árvore mais antiga da Terra<br />e proclamadas na eternidade das fendas espaciais evocadas pelas cigarras</div>
<div>
<br />poderiam descrever esse encontro meu e seu<br />que só tu e eu podemos traduzir<br />nas nossas pupilas que se tocam telepáticas<br /><br />e confundem as convenções do tempo</div>
Iaé B.http://www.blogger.com/profile/14365572431065258998noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1777367355524469333.post-55470605157311660692018-03-02T10:12:00.000-08:002018-03-02T10:33:42.603-08:00<br /><br />eu<br />que já me sabia inteira lar em mim mesma<br />reconstruo as paredes da minha casa com a extensão da sua pele-capa (minha canção iluminada de sol)<br />e permito que a magia profunda de gruta e céu galáctico pinte nosso cotidiano<br />e desloque as minhas certezas<br /><br />nós<br /><br />costurados nessa malha caleidoscópica vital<br /><br />a anti-máscara a dimensão além-mente a crueza-princípio dos diamantes a dúvida cavocando concretos sociais enrijecidos de medo e estagnação a respiração das montanhas a coragem de se assumir integridade a fusão alquímica dos encontros e do breu estrelado desconhecido a força de todos os bichos e a arte de todas as bruxas da terra a remada do barco que cruza a correnteza o som constante dos orgasmos das ondas e seus segundos de vazio a sensação inicial do sonho vivo a consciência amor ou algum outro desígnio não catalogado em palavra que possa moldar no espaço esse reencontro único diário fluído de rio<br /><br />família<br />o conforto dos amigos mais compridos<br />o estado de gargalhada<br />astral e firmeza<br />magos e feras<br />ancestralidade<br /><br />traçar trilhas suaves pelas florestas virgens<br />brotar verde no concreto<br />ancorar a transformação dos limites<br />e ainda assim<br />estar<br />aqui, e só sensação<br />sensação sensação sensação sensação sensação sensação sensação<br /><br />todos os olhos despertosIaé B.http://www.blogger.com/profile/14365572431065258998noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1777367355524469333.post-48600544746479911472017-11-21T15:39:00.002-08:002017-11-21T15:39:58.719-08:00<br />
<div class="_3x-2" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 12px; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
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</div>
</div>
<br />
sangro e ouço a dor dos últimos meses revirando cada músculo meu do contrário<br />a minha sombra é gigantesca e eu não sei se sabia, antes<br />hoje meu útero grita dum jeito que eu preciso inspirar três vezes o tempo de uma só respiração pra aquietar<br />eu lembro que dentro do meu quarto de concreto tem floresta porque a floresta é dentro de mim<br />sou grata por esse rio que uiva e estremece minhas bases com suas revoltas de pedra e que leva embora o que precisa ir<br />e que vá<br />e que siga por novos percursos, riozin<br />que massageie meus nós todos, e abra espaço<br />vazio<br />silêncio<br />verdade<br />curaIaé B.http://www.blogger.com/profile/14365572431065258998noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1777367355524469333.post-66145269513606717332017-11-17T17:55:00.002-08:002017-11-17T19:51:27.396-08:00SAI<br />
<br />
se eu pudesse soltar as correntes teclas<br />
<br />
da minha pirata<br />
<br />
hoje<br />
<br />
eu rasgaria as hierarquias e minhas saias velhas e correria correria correria correria cantando alto e gargalhando<br />
<br />
eu tomaria uma cerveja deliciosa pra caralho e arrotaria gigante ao final<br />
eu diria DANÇA COMIGO OU SAI DA FRENTE e daria um beijo na sua boca, você que me olhou assim lá dentro das minhas janelas de cortinas translúcidas<br />
eu diria<br />
FODA-SE, eu sentiria fodaaaaaaaaaaaaaaaa-se, eu gozaria na terra e me pintaria com essa tinta de prazer, origem e sangue<br />
eu dormiria na areia da praia sussurrando magia pra lua<br />
eu dormiriiiiiiiiiiiiiiia<br />
até o primeiro raio de sol me acordar, eu cantaria os mantras que mais me acalentam e mergulharia nua no mar<br />
e sairia dando estrelinhas<br />
eu veria os elementais me dando bom dia<br />
eu juntaria as mulheres que amo numa roda e a gente dançaria juntas até não aguentar mais<br />
fazendo careta e suando até aquela vontade imensa de tomar um banho e o banho se torna uma experiência sem igual<br />
eu tocaria todos os instrumentos que sempre quis tocar, eu tocaria um tambor coração que tremeria meu chão<br />
eu pisaria na terra e deixaria meu cabelo bagunçar com o vento frio<br />
meu corpo seria quente e entregue às montanhas<br />
eu falaria a língua das fadas e dos silêncios<br />
e compreenderia como ser plena sem ser nota<br />
tempestade de mar<br />
<br />
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH LIBERTAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAIaé B.http://www.blogger.com/profile/14365572431065258998noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1777367355524469333.post-7150395814896934582017-06-08T06:47:00.005-07:002017-06-08T06:47:59.472-07:00OdeGrande Espírito Minha Mãe sou<br />
grata pela experiência de existir nesse corpo que é a fonte o templo e a festa de todas as minhas vivências cores estações lágrimas ritos memórias sensações afetos florestas prazeres<br />
<br />
Esse meu corpo que me conduz no embalo da dança da brisa e da tempestade<br />
com a necessidade do espírito de todos os seres<br />
Que me põe voraz no espaço tempo das sinapses<br />
<br />
É através das minhas orelhas que eu ouço os pássaros a voz do trovão alerta os orgasmos das ondas as gargalhadas das mulheres<br />
O silêncio<br />
Da pele de todos os meus órgãos que desvendo as texturas infinitas da Terra e suas crianças<br />
<br />
Inspiro e nasço expiro e morro inspiro e nasço expiro e morro inspiro e nasço expiro e morro inspiro e nasço expiro e morro inspiro e nasço expiro e morro inspiro e nasço expiro e morro inspiro<br />
<br />
Esse meu corpo que é antes de tudo só meu<br />
<br />
Vai se confundindo pelas palavras do mundo<br />
Reencontra-se<br />
<br />
E me trilha na livre expressão de quem sou<br />
<br />
<br />
<br />Iaé B.http://www.blogger.com/profile/14365572431065258998noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1777367355524469333.post-39595536884064609922017-06-07T18:30:00.001-07:002017-06-07T18:31:36.125-07:00<br /><br />massagem de cachoeira<br />o cabelo embaraçando<br />o rugido da garganta soltando concretos<br />nua<br /><br /><br />inteira<br /><br />pra depois estirar na pedra quente e larga<br />e deixar a pele comer sol<br />de braços abertosIaé B.http://www.blogger.com/profile/14365572431065258998noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1777367355524469333.post-25317075748053747032017-03-21T19:23:00.001-07:002017-03-21T19:23:16.604-07:00<div class="_1dwg _1w_m _2ph_" style="font-family: inherit; padding: 12px 12px 0px;">
<div style="font-family: inherit;">
<div class="_5pbx userContent" data-ft="{"tn":"K"}" id="js_208" style="font-family: inherit; font-size: 14px; line-height: 1.38;">
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 6px;">
Eu gostaria de ser respeitada. Eu sou uma mulher, eu gostaria de ser respeitada. Eu sou uma mulher forte.<br />Eu sou uma mulher forte que está tentando fazer o que sente. Eu estou tentando falar o que quero dizer, do jeito que der, e gostaria de ser repeitada. Eu sou uma mulher forte que diz, que silencia também, mas diz, muito, sou uma mulher forte que milita e medita, e gostaria de ser respeitada. Eu estou tentando valorizar minha arte, minha poesia e aquilo que me afeta. Eu sou uma mulher beirando os 21, indo para o último ano da faculdade, tendo voz, falando sério mesmo mas gargalhando de bobagens infantis, trabalhando sem parar, sonhando alto, rodando com minhas hermanas, pisando descalça no chão, acreditando em fadas e recebendo golpes reais, dizendo palavrões e preces, superando abusos e acreditando no meu potencial,<br />e gostaria de ser respeitada.<br />Eu vivo em busca de honrar meu corpo, dar a ele o prazer que ele merece, meu corpo que é a floresta densa onde habitam todas minhas ancestrais, e nós<br />gostaríamos<br />de ser respeitadas<br />No meu corpo os meus pelos todos crescem até onde eu quero que cresçam, e eu quero que sejam crescidos mesmo, é assim que eu me sinto real, é assim que eu quero ser respeitada.<br />Eu acredito numa Divindade que amo, costumo pensar nela como Mulher, eu chamo minha Divindade também de Universo, Mãe Terra, Grande Espírito, Lua, Eu, Deusa, Deus, eu dou várias formas para ela, eu a encontro em mim, na noite, na gira, no cachimbo, na ayahuasca, em casa, na praia, na minha gata, nas pessoas queridas que me cercam, eu a encontro em tanto, tanto, e gostaria de respeito.<br />Eu estou exatamente onde deveria estar, fazendo exatamente o que deveria fazer, sentindo exatamente o que deveria sentir, expressando exatamente o que deveria expressar, comendo exatamente o que deveria comer, bebendo exatamente o que deveria beber, vestindo exatamente o que deveria vestir, rasgando exatamente o que deveria rasgar, escutando exatamente o que deveria escutar, mudando exatamente o que deveria mudar, permanecendo exatamente no que deveria permanecer,<br />Correndo quando deveria correr<br />Parando<br />Quando deveria parar<br />Desconfiando<br />Confiando<br />Desistindo<br />Resistindo<br />Aliviando<br />Fechando<br />Sorrindo<br />Gritando<br />Tendo<br />Exatamente a mesma autonomia que tenho para decidir exatamente o que decido</div>
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
E eu decido</div>
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Que gostaria</div>
<div style="font-family: inherit; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
De ser respeitada</div>
<div style="display: inline; font-family: inherit; margin-top: 6px;">
Sem ter que agradecer por isso</div>
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</div>
</div>
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</div>
</div>
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Iaé B.http://www.blogger.com/profile/14365572431065258998noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1777367355524469333.post-58761489345299228362016-10-26T07:18:00.002-07:002016-10-26T07:18:56.511-07:00Os vãos dos prédios desafogam o céu e é só mormaço pousando sobre a pele<br />
As minúcias dos espelhos regidos pelos cenhos franzidos a distancias<br />
Os meninos e seus olhares giratórios incansáveis suas fragilidades impositoras de pedregulhos<br />
As meninas e seus teares de entrelaçamentos e forças motoras de poesia concreta<br />
As luzes anunciantes da magia pesada das palavras vocalizadas em vazio<br />
Nossos aplicativos de meditação e grilos noturnos de artifício-tela<br />
Nossas tentativas de escape<br />
Nossas plantas nas janelas<br />
Nossos cimentos rachados<br />
Nós<br />
Cidades<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />Iaé B.http://www.blogger.com/profile/14365572431065258998noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1777367355524469333.post-6783873941968952632016-08-02T20:07:00.002-07:002016-08-02T20:07:36.294-07:00Mais uma pra ela que é de tanto eu não me aguentarNós<br />
<br />
Pacotes de pele, pelos, cascos, digitais<br />
<br />
Textura<br />
<br />
Expansão de órgãos por porosidades impulsionadas de ossaturas<br />
Expressões musculosas de estiradas condensações<br />
<br />
Raridades típicas<br />
<br />
Nossos gestos viciados<br />
Nossas alergias<br />
Nossos gostos por uns cheiros e outros<br />
Nosso traço ao escrever<br />
Nossa quantidade de suor<br />
Nosso timbre<br />
<br />
No entanto<br />
<br />
Essa esfera<br />
Gigante<br />
De fogo<br />
Que nos pinta a todos de dourado e quentura<br />
<br />
Me faz lembrar das semelhanças da minha pele<br />
Com a tua<br />
Feita de conchas, pegadas, e aaaaaaaaaaaaaahs tuas notas<br />
(A maior prova de que músicas<br />
São ondas<br />
Sonoras)<br />
<br />
Isso é coisa que até há alguns dias não percebia,<br />
Mas<br />
Desde a primeira vez que ouvi você cantar<br />
Tu já fez parte<br />
<br />
Dos meus alcances vocais<br />
Das geometrias que enxergo ao fechar os olhos<br />
Das coisas que tanto me impressionam<br />
Da espessura dos fios dos meus cabelos<br />
Das minhas singularidades<br />
<br />
Te trago como espelho e enfeite de verão<br />
(Pra adorno de corpo inteiro e além)<br />
<br />
Dessa vez<br />
Não houve despedida<br />
-Te enraízo em mim-<br />
<br />
-E rego-<br />
Quiçá não há de ter nunca mais<br />
<br />
<br />Iaé B.http://www.blogger.com/profile/14365572431065258998noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1777367355524469333.post-19056444757467991182016-05-30T11:55:00.000-07:002016-05-30T11:55:06.401-07:00Fiz um rezo forte à Minguante<br />
Enquanto osmose na sua boca e na minha<br />
Eu toco tuas costelas e tu me toca a alma inteira<br />
De arrepio<br />
É só pela luz da Mestra Azulada<br />
<div>
Que posso transpirar pra dentro de ti</div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
Desconfie dos meus silêncios </div>
<div>
<br /></div>
<br />
<br />Iaé B.http://www.blogger.com/profile/14365572431065258998noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1777367355524469333.post-24038676599995228002016-05-04T06:50:00.001-07:002016-05-04T06:58:15.212-07:00VinteFoi segunda feira e minguei meus dezenove<br />
<div>
<br />
<div>
Eu estou renascendo</div>
<div>
Eu estou saindo do útero </div>
<div>
Feito da argamassa que me moldou até hoje </div>
<div>
Levando só a placenta molhada de vida nutritiva</div>
<div>
E a essência do que fui pelo que restou do cordão umbilical</div>
<div>
Eu balbucio quem agora estou </div>
<div>
Com o intento de ser clara</div>
<div>
<br /></div>
<div>
(mas é sempre impossível falar claramente quando se nasce todo dia)</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Mas há que se tentar e tentar </div>
<div>
Há que se desvencilhar dos sucos ácidos </div>
<div>
Que permanecem destruindo as asas de aquarela que se formam</div>
<div>
No meu casulo</div>
<div>
Há que sair e me permitir</div>
<div>
Ser meia lagarta, meia borboleta</div>
<div>
E ser inteira uma</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Ser agora</div>
<div>
Parida pelas mãos da Divindade </div>
<div>
Que delineia meus corpos,</div>
<div>
Que rege meu caminho e se apresenta todos os dias</div>
<div>
Com novos nomes e formas</div>
</div>
<div>
Que metamorfoseia meus olhares </div>
<div>
Meu primitivo, meu segundo-minuto-tempo-lento, meu terceiro olhar</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Ser abençoada pela magia e pelo concreto </div>
<div>
Ser magia</div>
<div>
Ser concreto</div>
<div>
Ser bicho</div>
<div>
Ser mundo</div>
<div>
Ser as fusões todas</div>
<div>
Ser esse segredo cochichado que finge gritar</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Me assumo inteira quando em silêncio cochicho secretamente os elementos e entidades</div>
<div>
E os tenho todos concentrados para muito além dos meus chakras</div>
<div>
Me assumo feiticeira do resgate ao úmido vivo da terra</div>
<div>
Assumo todas as faces que expresso</div>
<div>
<br /></div>
<div>
EU SOU MUITAS</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Sou choupana de pau a pique </div>
<div>
Cercada de mata e água</div>
<div>
E preenchida de flores<br />
E carvalhos</div>
<div>
E espíritos </div>
<div>
Que perpassam </div>
<div>
Todas </div>
<div>
As sinapses da minha pele, meu órgãos, minhas mãos</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Sei ser bosque</div>
<div>
Sei ser selva </div>
<div>
Caminho minhas trilhas muito bem acompanhada de mim</div>
<div>
Não deixo migalhas atrás dos passos - vou</div>
<div>
Embora</div>
<div>
A cada dia</div>
<div>
E peço licença para adentrar </div>
<div>
Nos corações daqueles que amo </div>
<div>
Sem tirar liberdades</div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
Que seja recíproco</div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
Iaé B.http://www.blogger.com/profile/14365572431065258998noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1777367355524469333.post-36334047397210343082016-03-27T18:27:00.004-07:002016-03-27T18:27:54.768-07:00DonaFoi-se embora todo lamaçal.<br />
Então, pousou todo Seu peso - familiar<br />
Na terra limpa<br />
Boca torta, olho miúdo<br />
Cacoetes<br />
Índia velha, velha<br />
Se riu do "fecha as pernas"<br />
Mas silenciou na sua sabedoria<br />
Ausência das palavras físicas.<br />
Carregou minhas pernas e pôs-se acomodada no seu trono humilde de palha<br />
Tomou o corpo inteiro<br />
Depois pendeu à direita<br />
Eu, em seu colo-metade esquerda<br />
E com suas mãos cheias de tremedeira, rugas sanguíneas e energia mais que vitais<br />
Me falou, e dessa vez com clareza<br />
Palavras que os homens não poderiam compreender jamais.<br />
Me fez chorar de alegria e risada<br />
Quando a reconheci, entendendo o que dizia<br />
"Us omi não intendi é nada dos nosso segredo, menina"<br />
E gargalhávamos juntas, sem parar, na sua brincadeira,<br />
Em nossa intimidade indescritível.<br />
Mostrou tanta coisa mais linda que a outra<br />
Sobre as profundezas verdes, roxas, noturnas, diurnas e brilhantes<br />
Do sagrado feminino<br />
Varreu inseguranças e invejas<br />
Explicou sobre a singularidade<br />
Mostrou-me no útero da minha mãe<br />
Mostrou-me a delícia e o empoderamento do sexo como nunca havia visto<br />
Mostrou minhas mulheres externas e internas<br />
Mostrou seus mistérios como respostas e perguntas<br />
"Eu vim dum tempo que passado e futuro se confundem<br />
Dum lugar donde eu e tu somos uma só<br />
I todas mulher é uma<br />
Cada qual com seus véus e luas<br />
Elas, ouça e ame"<br />
Elas também eram montanhas e brisas<br />
Folhas e naturezas e fêmeas<br />
Tetas tão cheias quanto nossa força criadora<br />
E o silêncio da sabedoria<br />
A observação<br />
A canseira da idade avançada<br />
Tudo isso e muito mais mostrou-me essa que era<br />
Quem?<br />
Minha mestra?<br />
Minha ancestral? Minha entidade? Minha idade futura?<br />
Eu? Ou outra?<br />
Ora uma, ora ambas, ora todas,<br />
Sempre unidas em um só corpo,<br />
E foi-se de repente<br />
Sem dar sinal.<br />
Sua despedida foi quando já era Vento<br />
Brincou com meus cabelos, acariciou minhas costas no sol,<br />
Dançou comigo,<br />
Me encheu o pescoço de beijos, com fofura,<br />
Deu uns cheiros,<br />
Ninou-me,<br />
Presenteou-me com canções e fez-me olhar para a singeleza do chão de grama<br />
E toda a vida que continha.<br />
Espalhou-se no ar.<br />
Foi-se.<br />
Mas permaneceu.<br />
<br />
Eu<br />
Não<br />
Ando<br />
Só.<br />
<br />
Salve Ayahuasca! 27/03/2016 <3<br />
<br />Iaé B.http://www.blogger.com/profile/14365572431065258998noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1777367355524469333.post-62289940149063531522016-02-27T17:57:00.001-08:002016-02-27T17:59:07.152-08:00<br /><br />As histórias que escrevi verdes <br /><br />No espelho<br /><br />Dois minutos de resgate<br /><br />Aos pulmões úmidos <br /><br />Folhas fechadas<br />.<br />Bronquíolos de musgo angustiado empurrando espaço entre cada fresta espremida dos paralelepípedos abafados da calçada dérmica<br />.<br />Resistência<br />Selvageria solta na prisão dos riscos do rosto comprimido<br />.<br />A seiva dos olhos da mãe-minha-terra<br />Orvalho da minha flora<br />.<br />Eu-mulheres<br />(Novas, crescentes, cheias e minguantes)<br />Força de germinar fôlegos<br />Reflexo dos lagos azuis em cavernas sombrias<br />As luas e seus esburacados<br />.<br />Toda esta<br />VastidãoIaé B.http://www.blogger.com/profile/14365572431065258998noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1777367355524469333.post-46491866134398997172016-02-09T08:35:00.001-08:002016-02-09T08:35:27.734-08:00Escrevo<br />
Com a profundidade das ondas ressoantes dum violoncelo<br />
Escrevo com toda mata selvagem e noturna que me habita, em tocaia<br />
Escrevo com o berro distante das minhas aves de rapina<br />
Pelo som das canções para chorar<br />
Com toda a maré de confusão íntima<br />
Com toda trilha sonora feita de gente<br />
E mundo<br />
Te escrevo<br />
Não te salvando<br />
De novo<br />
Das minhas visões entorpecidas<br />
<br />
- Feitas de gente<br />
E mundo<br />
<br />Iaé B.http://www.blogger.com/profile/14365572431065258998noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1777367355524469333.post-61970296147800307772016-02-04T16:46:00.002-08:002016-02-04T16:46:22.438-08:00Perdi poemas<br />
Nos caminhos<br />
De aqui - agorasIaé B.http://www.blogger.com/profile/14365572431065258998noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1777367355524469333.post-21920480934054645242015-11-07T19:52:00.000-08:002015-11-07T20:10:25.653-08:00Eu queria mesmo<br />
<div>
Era trilhar até o fundo das grutas dos seus olhos e tascar<br />
<div>
Um beijo nesse corpo sincero </div>
<div>
Todo feito de luz refletida da água </div>
<div>
E gosto de fim de tarde pós-mar</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Dizer as palavras que eu nunca disse</div>
<div>
Em forma de cantigas e coisas ocultas</div>
<div>
E no segundo seguinte espalhar seu riso largo nas montanhas de cada estrada</div>
<div>
Fundir sua pele bonita e quente de caramelo e comê-la </div>
<div>
<br /></div>
<div>
Degustá-la</div>
</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Eu queria mesmo degustá-la</div>
<div>
Essa moça bordada de segredos e palavras queimadas nas bochechas<br />
E cheiro de chá</div>
<div>
Essa moça que me amacia</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Moça de seda </div>
<div>
Concede o favor</div>
<div>
De passarinhar suas pétalas amarelas e roxas de primavera </div>
<div>
Nos meus ombros que esperam teu acalento</div>
<div>
Na rede do meu coração </div>
<div>
<br /></div>
<div>
Prometo te embalar suave</div>
Iaé B.http://www.blogger.com/profile/14365572431065258998noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1777367355524469333.post-4291580153208080582015-11-07T19:36:00.005-08:002015-11-07T19:36:43.095-08:00Há 72 horas<br />
O ar inspira fundo.<br />
<br />
É possível tocar seu som no espaço.<br />
<br />
Cada som urbano<br />
Abafa-se sob seu sopro anti transpirante<br />
Há dias ouço<br />
A voz.<br />
<br />
Explosões de vácuo do universo.<br />
<br />
São dias molhados.<br />
<br />
Umedecem a areia da ampulheta.<br />
<br />
Dias carregados de outono e pólen<br />
Dias fora de época<br />
Fora do barulho<br />
A voz do ar<br />
O mantra morno enchuvecido<br />
O silêncio o caos cósmico.<br />
<br />
Energia<br />
Animalesca<br />
Emudecida<br />
Pulsante.<br />
<br />
Os animais<br />
Nós<br />
O pólen<br />
O úmido.<br />
<br />
O mundo<br />
O vácuo.<br />
<br />
A ausência<br />
O silêncio<br />
A voz<br />
Do ar<br />
A explosão.<br />
<br />
O caos<br />
<br />Iaé B.http://www.blogger.com/profile/14365572431065258998noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1777367355524469333.post-62315021149918511742015-10-06T18:35:00.001-07:002015-10-06T18:35:21.908-07:00Manifesto!Nasci<br />
Feita de células-grãos-de-açúcar;<br />
Basta uma chuva para derreter<br />
Inflamar, murchar<br />
<br />
Colher na boquinha<br />
Alergia de mordida de inseto<br />
Berreiro ao se deparar com o chão<br />
Passos equilibrados<br />
Cuidado ao existir, sinhazinha!<br />
Uma rede de mãos ao redor<br />
Para amortecer as quedas<br />
<br />
Encravada, porém<br />
No imo do corpo frágil<br />
Uma semente vermelha, quase disfarçada,<br />
Pulsa forte<br />
Feito caroço de abacate que vai brotando<br />
No fundo da fruta mole<br />
<br />
Ritmada pelos tambores dos ancestrais,<br />
Que habitam a alma<br />
E que guardam em potes de barro firme,<br />
Moldados por suas mãos de fogo,<br />
Os gritos e vibrações da essência de todos os corpos,<br />
Ela cresce em vigor<br />
Criando raízes<br />
<br />
Caule, tronco, folhas<br />
<br />
Rompendo, por fim<br />
A superfície açucarada<br />
Desprendendo os gritos dos cântaros.<br />
Eis que me deparo<br />
Com um novo nascimento<br />
<br />
O brilho que cintila no meu olho<br />
Se reconhece, então, na memória antiga:<br />
É reflexo do rio que corre<br />
Nas veias dos povos vermelhos,<br />
Das mulheres vermelhas<br />
As sagradas da mata<br />
<br />
Nesse momento de redescoberta<br />
Ouço meus passos com atenção.<br />
Eles ressoam as pisadas e danças livres<br />
Dos calcanhares vivos e enraizados<br />
Das deusas carmim<br />
<br />
As mesmas rainhas que foram<br />
E são<br />
Envenenadas com cinza e pólvora<br />
E escravidão e serra e mãos espinhosas<br />
Que arrancam sem constrição<br />
Seus ninhos, seu chão divino<br />
Seus puros cursos d'água<br />
Dilaceram seu manto de estrelas<br />
Sua carne lendária, contadora de histórias<br />
Suas árvores parteiras anciãs<br />
<br />
Lesmas pútridas, monstros<br />
Deixam rastros estrondosos da gosma-níquel<br />
Penetram seu universo com cerco e medo<br />
Estupro latifundiário geral<br />
Infiltração descarada de terror<br />
Asfixia de vida genuína<br />
<br />
Por isso, vocifero:<br />
Arregalemos o olhar<br />
À estas guerreiras<br />
Que pintam sua história com o próprio sangue<br />
Tinta lúgubre que vem sido ofuscada<br />
Com borrachas de poder branco<br />
Sem sequer um resquício de pudor<br />
<br />
Brademos unidos<br />
A essas que na verdade<br />
São nossas mães originais<br />
As anfitriãs da humanidade primeira<br />
A essas que dividem conosco suas almas inteiras<br />
Ainda que não percebamos<br />
<br />
Estamos em estado de faísca<br />
Temos vozes de atear lutas<br />
<br />
Para resgatar nossa unidade sagrada<br />
Nossos gritos de urucum<br />
Confrontemos!Iaé B.http://www.blogger.com/profile/14365572431065258998noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1777367355524469333.post-87295667137976360172015-09-27T20:54:00.000-07:002015-09-27T20:56:45.868-07:00Abri a porta do escuro fresco e senti<br />
A energia era outra<br />
E a garoa trazia<br />
Os primeiros passos dos espíritos antigos<br />
Que desciam deslizando<br />
Muito<br />
Lentamente<br />
Pelas tranças morenas da noite<br />
<br />
Com humildade descalcei os pés<br />
Na umidade os repousei e aterrei<br />
Meu corpo se embrenhou na luz suave e densa<br />
De minha velha mestra Jaci<br />
E ventre a frente palavreamos<br />
Pela língua do silêncio, dos grilos e dos sapos<br />
<br />
Com a intimidade de uma mãe e amiga<br />
Me sussurrou no fundo dos poros<br />
Que iria trazer um peculiar e poderoso ciclo<br />
(Ai de mim se não honrasse esse presente!)<br />
O peito vibrou forte<br />
Inspirei a dádiva e expirei a gratidão<br />
<br />
Seguindo os passos dos ancestrais<br />
Que entoavam melodias de unir corações<br />
Juntei-me aos irmãos e irmãs<br />
E de almas dadas, na entrega<br />
Festejamos o reinado da Primavera<br />
Perfumada de erva-doce e fumaça cheirosa<br />
<br />
A cantoria não queria acabar<br />
Até a quietude emanava mantras<br />
Rezávamos juntos ao Grande espírito, de muitos nomes<br />
Expandindo em gratulações<br />
Olhando nos olhos dos sorrisos vivos<br />
Relembrando o sentimento primordial<br />
Afeto molhado<br />
Feito de só experiência<br />
<br />
Vem despedida<br />
Mas a vibração continua<br />
A troca permanece<br />
Bordando na própria pele<br />
O ser nova criatura<br />
Repleta de paz<br />
Chovendo por fora e por dentro<br />
Uma tempestade de transformação<br />
<br />
Crescimento pleno<br />
Desfolhar para reabrir em flor<br />
<br />
Gratidão! 26/09/2015<br />
<br />
<br />
<br />
<br />Iaé B.http://www.blogger.com/profile/14365572431065258998noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1777367355524469333.post-44041754631420991622015-09-24T16:58:00.002-07:002015-09-24T16:58:57.103-07:00Sobre a insegurança infinita que me assola Sou. E sou quando só,<br />
Apenas<br />
Porque no encontro<br />
Sinto-me sufocada<br />
Com vestes e golas de criminosa<br />
<br />
Por abrir demais ou de menos<br />
A boca os sons os<br />
Poros os botões<br />
As folgas<br />
O riso as palavras as<br />
Pernas<br />
<br />
Por cometer o crime de manchar,<br />
Com a tinta viva que gero<br />
<br />
Por manifestar-me através de<br />
Um corpo que<br />
Flui<br />
Cheiros<br />
Não florais não rosados não depilados não maquiados<br />
<br />
Por ser presença única,<br />
Que não as sete bilhões ou mais de outras presenças<br />
<br />
Por estar<br />
Por dizer e silenciar<br />
Por me amar<br />
<br />
Sou delituosa<br />
Por existir.<br />
<br />
<br />Iaé B.http://www.blogger.com/profile/14365572431065258998noreply@blogger.com0